Gil Vicente – Heróis Populares Portugueses 18


Gil Vicente – Heróis Populares Portugueses 18

Auto de Mofina Mendes

Gil Vicente (14651536?) é tido o primeiro grande dramaturgo português, o que lhe valeu o título de pai do teatro português ou mesmo do ibérico, uma vez que escreveu também em castelhano. Neste último caso, a “paternidade” é partilhada com Juan del Encina. Enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as tarefas de músico, ator e encenador.

Apesar de se considerar que o ano de 1466 é a data mais provável para o nascimento de Gil Vicente,  há também quem proponha as datas de 1460 ou entre 1470 e 1475. Se nos basearmos nas informações veiculadas na própria obra do autor, encontraremos contradições. O Velho da Horta, a Floresta de Enganos ou o Auto da Festa, indicam 1452, 1470 e antes de 1467, respectivamente. Desde 1965, quando decorreram festividades oficiais comemorativas do casteleiro do nascimento do dramaturgo, que se aceita 1465 de forma quase unânime.

Frei Pedro de Poiares localizava o seu nascimento em Barcelos, mas as hipóteses de assim ter sido são poucas. Pires de Lima propôs Guimarães para sua terra natal – hipótese essa que estaria de acordo com a identificação do dramaturgo com o ourives, já que a cidade de Guimarães foi durante muito tempo berço privilegiado de joalheiros. O povo de Guimarães orgulha-se desta hipótese, como se pode verificar, por exemplo, na designação dada a uma das escolas do Concelho (em Urgeses), que homenageia o autor.

Lisboa é também muitas vezes defendida como o local certo. Outros, porém, indicam as Beiras para local de nascimento – de facto, verificam-se várias referências a esta área geográfica de Portugal, seja na toponímia como pela forma de falar das personagens. José Alberto Lopes da Silva[1] assinala que não há na obra vicentina referências a Barcelos nem a Guimarães, mas sim dezenas de elementos relacionados com as Beiras. Há obras inteiras, personagens, caracteres, linguagem. O conhecimento que o autor mostra desta região do país não era fácil de obter se tivesse nascido no norte e vivido a maior parte da sua vida em Évora e Lisboa.

Cada livro publicado sobre Gil Vicente é, quase sempre, defensor de uma qualquer tese que identifique ou não o autor ao ourives. A favor desta hipótese existe o facto de o dramaturgo usar com propriedade termos técnicos de ourivesaria na sua obra.

Alguns intelectuais portugueses polemizaram sobre o assunto. Camilo Castelo Branco escreveu, em 1881, o documento “Gil Vicente, Embargos à fantasia do Sr. Teófilo Braga” – este último defendia uma só pessoa para o ourives e para o poeta, enquanto que Camilo defendia duas pessoas distintas. Teófilo Braga mudaria de opinião depois de um estudo de Sanches de Baena que mostrava a genealogia distinta de dois indivíduos de nome Gil Vicente, apesar de Brito Rebelo ter conseguido comprovar a inconsistência histórica destas duas genealogias, utilizando documentos da Torre do Tombo. Lopes da Silva, na obra citada[1], avança uma dezena de argumentos para provar que Gil Vicente era ourives quando escreveu a sua primeira obra, uma imitação do Auto del Repelón, de Juan del Encina a quem pede emprestada não só a história, mas também as personagens com o seu respectivo idioma, o saiaguês.

[editar] Dados biográficos

Apesar de se considerar que a data mais provável para o seu nascimento tenha sido em 1466, Sabe-se que casou com Branca Bezerra, de quem nasceram Gaspar Vicente(que morreu em 1519) e Belchior Vicente(nascido em 1505). Depois de enviuvar, casou com Melícia Rodrigues de quem teve Paula Vicente (1519-1576), Luís Vicente (que organizou a compilação das suas obras) e Valéria Borges. Presume-se que tenha estudado em Salamanca, Espanha.

O seu primeiro trabalho conhecido, a peça em castelhano Auto da Visitação, também conhecido como Monólogo do Vaqueiro, foi representada nos aposentos da rainha D. Maria, consorte de Dom Manuel, para celebrar o nascimento do príncipe (o futuro D. João III) – sendo esta representação considerada como o marco de partida da história do teatro português. Ocorreu isto na noite de 8 de Junho de 1502, com a presença, além do rei e da rainha, de Dona Leonor, viúva de D. João II e D. Beatriz, mãe do rei.

Tornou-se, então, responsável pela organização dos eventos palacianos. Dona Leonor pediu ao dramaturgo a repetição da peça pelas matinas de Natal, mas o autor, considerando que a ocasião pedia outro tratamento, escreveu o Auto Pastoril Castelhano. De facto, o Auto da Visitação tem elementos claramente inspirados na “adoração dos pastores“, de acordo com os relatos do nascimento de Cristo. A encenação incluía um ofertório de prendas simples e rústicas, como queijos, ao futuro rei, ao qual se pressagiavam grandes feitos. Gil Vicente que, além de ter escrito a peça, também a encenou e representou, usou, contudo, o quadro religioso natalício numa perspectiva profana. Perante o interesse de Dona Leonor, que se tornou a sua grande protectora nos anos seguintes, Gil Vicente teve a noção de que o seu talento lhe permitiria mais do que adaptar simplesmente a peça para ocasiões diversas, ainda que semelhantes.

Se foi realmente ourives, terminou a sua obra-prima nesta arte – a Custódia de Belém – feita para o Mosteiro dos Jerónimos, em 1506, produzida com o primeiro ouro vindo de Moçambique. Três anos depois, este mesmo ourives tornou-se vedor do património de ourivesaria no Convento de Cristo, em Tomar, Nossa Senhora de Belém e no Hospital de Todos-os-Santos, em Lisboa.

Consegue-se ainda apurar algumas datas em relação a esta personagem que tanto pode ser una como múltipla: em 1511 é nomeado vassalo de el-Rei e, um ano depois, sabe-se que era representante da bandeira dos ourives na “Casa dos Vinte e Quatro“. Em 1513, o mestre da balança da Casa da Moeda, também de nome de Gil Vicente (se é o mesmo ou não, como já se disse, não se sabe), foi eleito pelos outros mestres para os representar junto à vereação de Lisboa.

Autógrafo de Gil Vicente.

Será ele que dirigirá os festejos em honra de Dona Leonor, a terceira mulher de Dom Manuel, no ano de 1520, um ano antes de passar a servir Dom João III, conseguindo o prestígio do qual se valeria para se permitir a satirizar o clero e a nobreza nas suas obras ou mesmo para se dirigir ao monarca criticando as suas opções. Foi o que fez em 1531, através de uma carta ao rei onde defende os cristãos-novos.

Morreu em lugar desconhecido, talvez em 1536 porque é a partir desta data que se deixa de encontrar qualquer referência ao seu nome nos documentos da época, além de ter deixado de escrever a partir desta data.

A sua obra vem no seguimento do teatro ibérico popular e religioso que já se fazia, ainda que de forma menos profunda. Os temas pastoris, presentes na escrita de Juan del Encina vão influenciar fortemente a sua primeira fase de produção teatral e permanecerão esporadicamente na sua obra posterior, de maior diversidade temática e sofisticação de meios. De facto, a sua obra tem uma vasta diversidade de formas: o auto pastoril, a alegoria religiosa, narrativas bíblicas, farsas episódicas e autos narrativos.

O seu filho, Luís Vicente, na primeira compilação de todas as suas obras, classificou-as em autos e mistérios (de carácter sagrado e devocional) e em farsas, comédias e tragicomédias (de carácter profano). Contudo, qualquer classificação é redutora – de facto, basta pensar na Trilogia das Barcas para se verificar como elementos da farsa (as personagens que vão aparecendo, há pouco saídas deste mundo) se misturam com elementos alegóricos religiosos e místicos (o Bem e o Mal).

Gil Vicente retratou, com refinada comicidade, a sociedade portuguesa do século XVI, demonstrando uma capacidade acutilante de observação ao traçar o perfil psicológico das personagens. Crítico severo dos costumes, de acordo com a máxima que seria ditada por Molière (“Ridendo castigat mores” – rindo se castigam os costumes), Gil Vicente é também um dos mais importantes autores satíricos da língua portuguesa. Em 44 peças, usa grande quantidade de personagens extraídos do espectro social português da altura. É comum a presença de marinheiros, ciganos, camponeses, fadas e demônios e de referências – sempre com um lirismo nato – a dialetos e linguagens populares.

Entre suas obras estão Auto Pastoril Castelhano” (1502) e Auto dos Reis Magos (1503), escritas para celebração natalina. Dentro deste contexto insere-se ainda o Auto da Sibila Cassandra (1513), que, embora até muito recentemente tenha sido visto como um prenúncio dos os ideais renascentistas em Portugal, retoma uma narrativa já presente na General Estória de Afonso X. Sua obra-prima é a trilogia de sátiras Auto da Barca do Inferno (1516), Auto da Barca do Purgatório (1518) e Auto da Barca da Glória (1519). Em 1523 escreve a Farsa de Inês Pereira.

São geralmente apontados, como aspectos positivos das suas peças, a imaginação e originalidade evidenciadas; o sentido dramático e o conhecimento dos aspectos relacionados com a problemática do teatro.

Alguns autores consideram que a sua espontaneidade, ainda que reflectindo de forma eficaz os sentimentos colectivos e exprimindo a realidade criticável da sociedade a que pertencia, perde em reflexão e em requinte. De facto, a sua forma de exprimir é simples, chã e directa, sem grandes floreados poéticos.

Acima de tudo, o autor exprime-se de forma inspirada, dionisíaca, nem sempre obedecendo a princípios estéticos e artísticos de equilíbrio. É também versátil nas suas manifestações: se, por um lado, parece ser uma alma rebelde, temerária, impiedosa no que toca em demonstrar os vícios dos outros, quase da mesma forma que se esperaria de um inconsciente e tolo bobo da corte, por outro lado, mostra-se dócil, humano e ternurento na sua poesia de cariz religioso e quando se trata de defender aqueles a quem a sociedade maltrata.

O seu lirismo religioso, de raiz medieval e que demonstra influências das Cantigas de Santa Maria está bem presente, por exemplo, no Auto de Mofina Mendes, na cena da Anunciação, ou numa oração dita por Santo Agostinho no Auto da Alma. Por essa razão é, por vezes, designado por “poeta da Virgem”.

O seu lirismo patriótico presente em “Exortação da Guerra”, Auto da fama ou Cortes de Júpiter, não se limita a glorificar, em estilo épico e orgulhoso, a nacionalidade: de facto, é crítico e eticamente preocupado, principalmente no que diz respeito aos vícios nascidos da nova realidade económica, decorrente do comércio com o Oriente (Auto da Índia). O lirismo amoroso, por outro lado, consegue aliar algum erotismo e alguma brejeirice com influências mais eruditas (Petrarca, por exemplo).

Os temas natalícios, muito presentes na obra de Gil Vicente desde a primeira encomenda de Dona Leonor, têm também um significado fortemente simbólico e sugestivo. Aqui, uma pintura do contemporâneo Vicente Gil (não confundir com o Dramaturgo!)

A obra de Gil Vicente transmite uma visão do mundo que se assemelha e se posiciona como uma perspectiva pessoal do Platonismo: existem dois mundos – o Mundo Primeiro, da serenidade e do amor divino, que leva à paz interior, ao sossego e a uma “resplandecente glória”, como dá conta sua carta a D. João III; e o Mundo Segundo, aquele que retrata nas suas farsas: um mundo “todo ele falso”, cheio de “canseiras”, de desordem sem remédio, “sem firmeza certa”. Estes dois mundos reflectem-se em temas diversos da sua obra: por um lado, o mundo dos defeitos humanos e das caricaturas, servidos sem grande preocupação de verosimilhança ou de rigor histórico.

Muitos autores criticam em Gil Vicente os anacronismos e as falhas na narrativa (aquilo a que chamaríamos hoje de “gaffes“), mas, para alguém que considerava o mundo retratado como pleno de falsidades, essas seriam apenas mais algumas, sem importância e sem dano para a mensagem que se pretendia transmitir. Por outro lado, o autor valoriza os elementos míticos e simbólicos religiosos do Natal: a figura da Virgem Mãe, do Deus Menino, da noite natalícia, demonstrando aí um zelo lírico e uma vontade de harmonia e de pureza artística que não existe nas suas mais conhecidas obras de crítica social.

Sem as características do maniqueísmo que tantas vezes se constatam nas peças teatrais de quem defende uma tal visão do Mundo, há, realmente, a presença de um forte contraste nos elementos cénicos usados por Gil Vicente: a luz contra a sombra, não numa luta feroz, mas em convivência quase amigável. A noite de natal torna-se também aqui a imagem perfeita que resume a concepção cósmica de Gil Vicente: as grandes trevas emolduram a glória divina da maternidade, do nascimento, do perdão, da serenidade e da boa vontade – mas sem a escuridão, que seria da claridade?

Tão importante foi o trabalho de Gil Vicente que Erasmo de Roterdão, filósofo holandês, estudara o idioma português para assim poder apreciar sua obra no original. Seu estilo deu origem à escola de Gil Vicente, ou escola popular, tendo por modelo as coisas simples do povo.[2]

Note-se que a obra de Gil Vicente não se resume ao teatro, estendendo-se também à poesia. Podemos citar vários vilancetes e cantigas, ainda influenciadas pelo estilo palaciano e temas dos trovadores.

Vários compositores trabalharam poemas de Gil Vicente na forma de lied (principalmente algumas traduções para o alemão, feitas por Emanuel von Geibel), como Max Bruch ou Robert Schumann, o que demonstra o carácter universal da sua obra. Os seus filhos, Paula e Luís Vicente, foram os responsáveis pela primeira edição das suas obras completas. Em 1586, sai à estampa uma segunda edição, com muitas passagens censuradas pela Inquisição. Só no século XIX se faria a redescoberta do autor, com a terceira edição de 1834, em Hamburgo, levada a cabo por Barreto Feio.

Obras

Monólogo do Vaqueiro

ou Auto da Visitação (1502)

Auto Pastoril Castelhano (1502)

Auto dos Reis Magos (1503)

Auto de São Martinho (1504)

Quem Tem Farelos? (1505)

Auto da Alma (1508)

Auto da Índia (1509)

Auto da Fé (1510)

O Velho da Horta (1512)

Exortação da Guerra (1513)

Comédia do Viúvo (1514)

Auto da Fama (1516)

Auto da Barca do Inferno (1517)

Auto da Barca do Purgatório(1518)

Auto da Barca da Glória (1519)

Cortes de Júpiter (1521)

Comédia de Rubena (1521)

Pranto de Maria Parda

Farsa de Inês Pereira (1523)

Auto Pastoril Português (1523)

Frágua de Amor (1524)

Farsa do Juiz da Beira (1525)

Farsa do Templo de Apolo (1526)

Auto da Nau de Amores (1527)

Auto da História de Deus (1527)

Tragicomédia Pastoril da Serra da Estrela (1527)

Farsa dos Almocreves (1527)

Auto da Feira (1528)

Farsa do Clérigo da Beira (1529)

Auto do Triunfo do Inverno (1529)

Auto da Lusitânia, intercalado com o entremez Todo-o-Mundo e Ninguém (1532)

Auto de Amadis de Gaula (1533)

Romagem dos Agravados (1533)

Auto da Cananea (1534)

Auto de Mofina Mendes (1534)

Floresta de Enganos (1536)

Fonte: Wikipédia

Dia Mundial do Teatro


Dia Mundial do Teatro

A palavra teatro vem do grego theaomai que significa “contemplar”. 

O dia mundial do teatro surgiu em Viena de Aústria durante o 9o Congresso do Instituto Internacional do Teatro, órgão da UNESCO . Esta data marca a inauguração das temporadas internacionais no Teatro das Nações em Paris iniciadas em 1954.
O 1º Festival de Teatro realizou-se em 1957.

O Teatro nasceu em Atenas, associado ao culto de Dionísio, deus do vinho e das festividades.

As representações teatrais tinham lugar em recintos ao ar livre, construídos para o efeito. Os teatros gregos tinham tão boas condições
que os espectadores podiam ouvir e ver, à distância, tudo o que se passava na cena, mesmo tratando-se de uma assistência muito numerosa. Isso devia-se, por um lado, ao facto de as bancadas se abrirem em leque sobre a encosta de uma colina e, por outro lado, a diversos artifícios utilizados em cena.

Os actores usavam trajes de cores vivas e sapatos muito altos para ficarem com uma estatura imponente. Cobriam o rosto com máscaras que serviam quer para ampliar o som da voz, quer para tornar mais visível à distância, a expressão do personagem.

Um aspecto curioso é que, em cada peça, só existiam três actores, todos do sexo masculino. Cada um deles tinha que desempenhar vários papéis, incluindo os das personagens femininas. A representação dos actores, que actuavam na cena, era acompanhada pelos comentários do coro, que se movimentava na orquestra, juntamente com os músicos.

Havia dois géneros de representações: a tragédia e comédia.

As tragédias eram peças ou representações que pretendiam levar os espectadores a reflectirem nos valores e no sentido da existência humana.

As comédias eram, por sua vez, peças de crítica social que retratavam figuras e acontecimentos da sociedade da época, ridicularizando defeitos e limitações da actuação dos homens, provocando o riso na assistência.

Mies van der Rohe


126º Aniversário de Mies van der Rohe

Ludwig Mies van der Rohe, nascido Maria Ludwig Michael Mies, (Aachen, 27 de março de 1886Chicago, 17 de agosto de 1969) foi um arquiteto alemão naturalizado estadunidense, considerado um dos principais nomes da arquitetura do século XX, sendo geralmente colocado no mesmo nível de Le Corbusier ou de Frank Lloyd Wright.

Foi professor da Bauhaus e um dos criadores do que ficou conhecido por International style, onde deixou a marca de uma arquitetura que prima pelo racionalismo, pela utilização de uma geometria clara e pela sofisticação. Os edifícios da sua maturidade criativa fazem uso de materiais modernos, como o aço industrial e o vidro para definir os espaços interiores, e a aparência exterior de suas obras. Concebeu espaços austeros mas que transmitem uma determinada concepção de elegância e cosmopolitismo. Também é famoso pelas várias frases cridas por ele, algumas delas são conhecidas praticamente no mundo todo, como é o caso das frases “less is more ” (“menos é mais”) e “God is in the details” (“Deus está nos detalhes”).

Mies van der Rohe procurou sempre uma abordagem racional que pudesse guiar o processo de projeto arquitectônico. Sua concepção dos espaços arquitetônicos envolvia uma profunda depuração da forma, voltada sempre às necessidades impostas pelo lugar, segundo o preceito do minimalismo.

Quando jovem, trabalhou na empresa de cantaria do seu pai, antes de se mudar para Berlim onde começou a trabalhar com o designer de interiores Bruno Paul. Em 1908 ingressou no estúdio do proto-medieval Peter Behrens, do qual se tornou discípulo. Aí permaneceu até 1912, entrando em contacto com as teorias de design em voga e com a cultura alemã culturalista. O seu talento foi rapidamente reconhecido e começou desde cedo a receber encomendas apesar de não ter graduação académica formal. Com uma presença física impressionante e com modos reticentes e ponderados, Ludwig Mies decidiu reformular o seu próprio nome de modo a adequar-se à rápida mudança de estatuto, de filho de um comerciante para arquiteto reconhecido pela elite cultural berlinense, acrescentando o sobrenome, de ressonância aristocrática, “van der Rohe”.

Começou a sua carreira profissional independente projectando casas para clientes de classes baixas. Seguia então estilos medievais da tradição alemã, demonstrando profundas influências do mestre do neoclassicismo prussiano do início do século XIX, Karl Friedrich Schinkel, de quem admirava as grandes proporções e os volumes complexos e radiais, ao mesmo tempo que controlava as novas possibilidades estruturais decorrentes do avanço tecnológico e se libertava dos tiques ecléticos e desordenados do classicismo, próprios do virar do século.

Depois da Primeira Guerra Mundial, Mies começa, pois, a afastar-se dos estilos tradicionais e a receber influências do neoplasticismo, formado em 1917, e do construtivismo russo, que nele fazem germinar o espírito modernista, em busca de um novo estilo arquitectónico para a era industrial.

Os estilos tradicionais há muito que eram alvo de críticas dos teóricos progressistas, principalmente pelo seu uso de ornamentações sem qualquer relação com as estruturas modernas de construção dos novos edifícios. Tais críticas receberam especial credibilidade com o desastre da Primeira Guerra Mundial, considerada então como o falhanço da liderança imperial europeia. O revivalismo clássico foi então repudiado por muitos, ao ser identificado com a arquitectura do sistema aristocrático, agora em descrédito.

O seu estilo começa, então, a patentear influências como o Expressionismo, o Suprematismo, o Construtivismo russo (construções escultóricas e eficientes, usando materiais industriais modernos) e o Grupo holandês De Stijl. Bruno Zevi identifica o Pavilhão de Barcelona como a súmula deste movimento, ao descrevê-lo como “Painéis de travertino e mármore, lâminas de vidro, superfícies de água, planos horizontais e verticais que quebram a imobilidade dos espaços fechados, rompem os volumes e orientam o olhar para vistas exteriores“. Foi também influenciado por Frank Lloyd Wright, com os espaços fluidos próprios do estilo presente nas suas Casas da Pradaria.

De forma ousada, abandonou por completo a dependência de qualquer ornamentação e, em 1921, projectava um impressionante arranha-céu de vidro e metal, seguindo-se uma série de projectos pioneiros que culminariam no Pavilhão Alemão de Barcelona, estrutura temporária para a exposição de 1929 (reconstruído actualmente na sua localização original), e na Villa Tugendhat em Brno, terminada em 1930, onde utilizou superfícies de cimento armado. Entre 1918 e 1925 participou do Novembergruppe, um grupo de industriais que atuaram como mecenas para uma nova geração de arquitetos dedicados à divulgação da arquitetura moderna). Durante esse período trabalhou em proximidade com Lilly Reich.

Em Julho de 1923, participou no primeiro número da Revista G (abreviação de Gestaltung), onde se mostra menos ligado aos princípios expressionistas e mais voltado para a objectividade construtiva. Ganhou, igualmente, proeminência no universo da arquitectura ao ser convidado pela Deutscher Werkbund para planear o complexo habitacional modernista Deutsche Werkbund Weissenhofsiedlung, em Estugarda, além de um grupo de edifícios residenciais na colina de Weissenhof, para uma exibição aberta ao público durante o verão de 1927.

Em termos políticos, o período alemão de Mies caracteriza-se pela militância socialista, bem ilustrada pelo seu projecto para o Denkmal für Rosa Luxemburg und Karl Liebknecht (Monumento a Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht), onde o Partido Comunista pretendia homenagear os seus heróis. O monumento, construído graças ao dinheiro obtido pela venda de postais com o modelo do projecto, constava de um memorial constituído por tijolos irregulares, compostos em volumes paralelepipédicos formando um muro de 12 metros de comprimento, 4 metros de largura e 6 metros de altura, lembrando todos os que morreram fuzilados, contra paredes, lutando pela Revolução. O monumento foi posteriormente demolido pelas forças nazistas. Apesar disso, quando de seu posterior cargo de direção na Bauhaus, foi um dos professores que determinuou a expulsão dos estudantes de orientação comunista daquela instituição, os quais começavam a incomodar os governos locais, além de alterar os rumos políticos que a escola tomava, desviando da proposta anterior de Hannes Meyer, mais politizada.

Já identificado com as novas tendências da arquitetura, Mies é convidado a lecionar na escola vanguardista de arquitectura Bauhaus, fundada pelo seu colega – e crítico – Walter Gropius. Pertencem a este seu período algumas peças de mobília medieval, onde aplica antigas tecnologias artesanais, que viriam a se tornar particularmente populares até os dias de hoje, como a Cadeira Barcelona (e mesa) ou a Cadeira Brno.

É desse período o seu projeto mais famoso, o Pavilhão Alemão da Feira Universal de Barcelona: uma estrutura bastante pesada, sustentada por delgados pilares metálicos e constituída essencialmente de planos verticais e horizontais. Após a exposição o pavilhão foi demolido, mas sua importância foi tal que voltou a ser construído na década de 1990, como homenagem ao arquiteto e como símbolo do modernismo.

Mies parece ter adoptado, a partir dessa altura, a missão de criar um novo estilo e uma nova arquitectura que representasse a época que se iniciava, tal como a Arquitectura Gótica representara a Idade Média. Tal arquitectura deveria ser guiada por um processo criativo assente em pressupostos racionais. Contudo, tal demanda viria a ser interrompida pela depressão económica e pela tomada do poder pelos Nazis, a partir de 1933.

Na década de 1930, depois de Hannes Meyer, Mies foi, a pedido de Gropius e por um breve período de tempo, o último Director de uma Bauhaus vacilante. A escola, financiada pelo governo, seria forçada a fechar as portas devido a pressões políticas do partido Nazi que a identificava com ideologias antagónicas como o socialismo e o comunismo. A arquitectura praticada por Mies foi igualmente rejeitada por não representar o espírito nacionalista alemão. Essa década foi, de facto, pouco profícua, ressaltando pouco mais que a encomenda do apartamento de Philip Johnson, em Nova Iorque.

Mies abandonou a sua Pátria em 1933, quando se desvaneciam as hipóteses de continuar aí a sua carreira. Quando chegou aos Estados Unidos, depois de 30 anos de prática na Alemanha, já era considerado pelos promotores americanos do Estilo Internacional como um pioneiro da arquitectura moderna. Em 1949, já o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque lhe dedicava uma retrospectiva. É, de facto, no seu país de adopção que encontra todas as condições para promover de fato suas experiências com uma possível industrialização da arquitetura e da construção: um mercado capitalista muito mais desenvolvido que o alemão, com fortes demandas por novas tipologias imobiliárias e desenvolvimento tecnológico razoável. No entanto, alguns críticos apontam este momento da obra de Mies como um desvirtuamento do projeto social-democrata em curso nos anos da Bauhaus.

Pouco depois de projectar um complexo residencial no Wyoming, recebeu uma oferta para dirigir a escola de arquitectura do Chicago’s Armour Institute of Technology, mais tarde renomeado como Illinois Institute of Technology – IIT (“Instituto de Tecnologia de Illinois”). Uma das condições para a aceitação do cargo consistia em que o projecto para os novos edifícios do campus universitário lhe fosse adjudicado. Alguns dos seus edifícios mais afamados situam-se aí, incluindo o Crown Hall, sede do Departamento de Arquitectura do IIT. Lecionando aí, Mies torna-se também responsável pela gênese de toda uma geração de arquitetos norte-americanos funcionalistas, especialmente voltados para a construção dos arranha-céus demandados pelas empresas do país.

Em 1949, tornou-se cidadão dos Estados Unidos, rompendo formalmente os laços com a Alemanha.

Os trinta anos de carreira que se seguiriam são considerados os anos da sua maturidade criativa, sendo o período em que desenvolveu esforços mais consistentes na prossecução dos seus objectivos para a nova arquitectura do século XX. Fez convergir o seu trabalho para a definição de largos espaços “universais” inseridos em suportes estruturais claramente ordenados, recorrendo a molduras de perfis manufacturados preenchidas com tijolo ou vidro. Os seus primeiros projectos para o campus da IIT e para Herb Greenwald revelou ao mundo arquitectónico norte-americano um estilo que parecia o resultado natural da progressão do estilo da Escola de Chicago, então um pouco esquecida.

Entre 1946 e 1951, Mies projectou e construiu a icónica Casa Farnsworth, uma casa de fim de semana que deveria servir de retiro, nos arredores de Chicago, para a médica Edith Farnsworth e que se tornaria uma das principais obras de referência da arquitectura moderna. Aqui, Mies explorou a relação entre o indivíduo, o seu abrigo e a natureza. A casa concretiza a visão amadurecida de Mies para o que deveria ser a arquitectura da sua época: uma estrutura minimalista limitada à pele e esqueleto do edifício, usando materiais que representavam os novos tempos, permitindo a definição de um espaço ordenado de forma clara, simples, inteligível e fluida, com uma disposição que sugerisse liberdade de utilização. O suporte estrutural rigorosamente concebido e as paredes totalmente de vidro definem um espaço interior cúbico simples, permitindo que a natureza e a luz o envolvam de facto. Este pavilhão de vidro ergue-se cerca de 1,5 m acima da planície aluvial do rio Fox e é rodeado por florestas e prados. Um núcleo de painéis de madeira, para arrumações, cozinha, lareira e casa de banho está posicionado neste espaço aberto de forma a definir a área de estar, comer e dormir sem a necessidade de recorrer às típicas paredes e quartos individualizados. O invólucro de vidro não tem qualquer género de partição. Cortinados a toda a altura, dispostos por todo o perímetro permitem a privacidade necessária, quando desejada. A casa tem sido descrita por muitos como “sublime”, “um templo pairando entre a terra e o céu”, “um poema”, “uma obra de arte”. A influência desta obra pode verificar-se pela quantidade de “casas de vidro” modernistas, das quais a mais notável talvez seja a de Philip Johnson, localizada junto de Nova Iorque, pertencente actualmente ao National Trust for Historic Preservation.

Em 1958, Mies van der Rohe projectou o que veio a ser considerado por muitos como o auge da arquitectura funcionalista para arranha-céus: o Edifício Seagram, em Nova Iorque. Mies foi escolhido para o projecto pela filha do cliente, Phyllis Bronfman Lambert, que também tinha alguma notoriedade no meio aquitectónico dos Estados Unidos. O edifício tornar-se-ia um ícone representativo do poder crescente das corporações empresariais, que viria a definir o próprio século XX.

Numa decisão audaciosa e inovadora, Mies revolucionou o padrão construtivo novaiorquino ao deixar livre metade do terreno dedicado à obra, definindo uma praça com fonte para usufruto público em Park Avenue em frente ao edifício que se assumia como uma leve estrutura de metal e vidro. Ainda que hoje esta seja uma solução arquitectónica largamente aclamada, Mies teve de convencer os gestores da família Bronfman de que a ideia de libertar espaço em frente ao edifício era, não só viável, como benéfica para a imagem da companhia. O projecto caracteriza-se por uma cortina de vidro, com perfis de bronze a cobrir a estrutura de aço.

Philip Johnson participou na selecção de materiais interiores e no projecto da praça, sendo também o autor do faustoso restaurante “Four Seasons”. O Edifício foi ainda pioneiro na construção “fast-track“, em que a execução das fases de desenho e construção é simultânea, de modo a terminar mais rapidamente a obra. O protótipo do Edifício Seagram foi posteriormente adaptado em vários arranha-céus de escritórios modernos como no Dirksen and Klusinski Federal Buildings, no Post Office (1959), na Praça IBM em Chicago, no Toronto-Dominion Centre em 1967, em Toronto, e na Westmont Square, em Montreal.

Mies projectou ainda uma série de apartamentos em altura, destinados a famílias da classe média, para o construtor Herb Greenwald e para seus herdeiros, após sua morte prematura numa queda de avião. As torres Lake Shore Drive 860/880 e 900/910, junto à costa lacustre de Chicago, com fachadas de vidro e aço, constituíram uma completa reviravolta na construção de apartamentos, tipicamente construídos com tijolo. É interessante notar que o próprio Mies considerou as unidades habitacionais demasiado pequenas para si, tendo continuado a viver noutro luxuoso apartamento, relativamente perto deste conjunto de edifícios. Também estas torres se tornaram num protótipo para outros projectos de unidades de habitação colectiva, desenhados pelo atelier de Mies.

De 1951 a 1952, o atelier foi responsável pela construção da Casa McCormick, uma estrutura de tijolo, aço e vidro, localizada em Elmhurst, Illinois, a 15 milhas a oeste do Chicago Loop), para o construtor Robert Hall McCormick Jr. Constitui, de facto, uma versão de um só andar da cortina de vidro do conjunto 860-880 das torres de Lake Shore Drive e serviu como protótipo para uma série de projectos especulativos, nunca construídos, para Melrose Park, no Illinois. A casa faz parte, hoje em dia, do Elmhurst Art Museum.

O último trabalho de relevo de Mies foi a Neue Nationalgalerie em Berlim, que é considerado uma das mais perfeitas expressões da sua abordagem arquitectónica. O pavilhão superior é constituído por uma estrutura precisa de aço com invólucro de vidro, que na sua simplicidade revela perfeitamente a força estética e funcional das ideias de espaço interior flexível, aberto e sem cargas desnecessárias impostas pela ordem estrutural externa.

Mies teve um papel relevante enquanto educador no âmbito da arquitectura. Acreditava que as suas ideias podiam ser ensinadas de forma objectiva. Trabalhou intensivamente em soluções prototípicas que poderiam ser aplicadas de forma livre pelos seus discípulos, adaptando-as a situações específicas, sob a sua supervisão. O facto de nem sempre se terem conseguido, assim, obras de qualidade aceitável levou Mies a considerar que existia alguma falha na sua teorização em relação à nova teoria, que deveria ser facilmente aplicada a novas situações.

Fonte: Wikipédia

Imagem: by Google

Ostara, Equinócio da Primavera


Ostara, Equinócio da Primavera

Em termos astronómicos, o Equinócio (que deriva do latim aequinoctium e significa “noite igual”) da Primavera é o momento em que a órbita da Terra atinge uma posição segundo a qual o Sol parece estar situado exatamente na intersecção do círculo do Equador Celeste com o círculo da Eclíptica, ou seja, quando o Sol, no seu movimento aparente, passa do hemisfério Sul para o hemisfério Norte.

Na Europa da Antiguidade, esta estação do ano era marcada pelas cerimónias de homenagem a Ostera ou Esther. Também conhecido como Festival das árvores, Alban Eilir, Ostara e Rito de Eostre,  o Equinócio celebra a Deusa da fertilidade e o acordar da vida na Terra.  Com a chegada do cristianismo, estas celebrações foram progressivamente anuladas, sendo que alguns dos rituais então praticados foram adoptados pela nova religião, passando a ser tradicionais do período da Páscoa. A associação destas celebrações com a quadra pascal é evidente na própria denominação desta festa cristã: o inglês para Páscoa é Easter (Esther)  e o alemão é Oster (Ostera ou Ostara).

Um dos rituais mais conhecidos era a decoração de ovos, acreditando-se que a pessoa que recebia um ovo pintado teria boa sorte, fertilidade, amor e fortuna. Na Antiguidade, os ovos eram decorados com símbolos mágicos e lançados ao fogo ou enterrados como oferendas à Deusa. No século X, esta tradição foi retomada em Inglaterra, quando o rio Eduardo I começou a oferecer ovos banhados a ouro aos seus amigos e aliados.

O coelho da Páscoa que hoje conhecemos deriva da lebre, que para as religiões antigas da Europa simbolizava o renascimento e ressurreição, sendo um animal sagrado para várias deusas lunares, entre as quais a deusa Ostara.

“The Devil is in the details”


“The Devil is in the details”

O diabo está nos detalhes, disse recentemente o Presidente da República, citando um adágio inglês: “The Devil is in the details”.

Um adágio que, diga-se, é uma enorme verdade.

Vamos a uma situação real que o comprova.

Vocês estão à procura de emprego, acedem à página www.net-empregos.pt (gerida pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional) e respondem a um anúncio que apresenta o seguinte texto”
Clínica de Estética na Av. de Roma em Lisboa precisa de Recepcionista para entrada imediata.
Exige-se sentido de responsabilidade, boa comercial, bom relacionamento com colegas e com clientes.
Vencimento acima da média e comissões nas vendas de produtos e serviços.
Por favor enviar seu CV para: xxxxxxxxxxx@ drfootandbody.com

Obrigado”
Até aqui, nada de anormal. Isto se não ligarmos ao facto do nome da empresa estar mal escrito no campo do anúncio onde se identifica a empresa anunciante (Dr. Fooyandbody em lugar de Dr. Footandbody) e de alguns erros que esperemos sejam de engano. Não é um bom começo, é verdade. Que impressão nos fica de uma empresa que não escreve o seu nome de forma correcta?

Bom, mas enfim, enganos acontecem.

Numa rápida pesquisa num qualquer motor de busca, confirmamos que a empresa existe – no meu caso, nem seria necessário pesquisar, pois já vi o exterior das suas instalações na morada citada – e que publicou diversos anúncios nos últimos meses, procurando desde empregadas de limpeza até técnicos de informática e esteticistas para a área da Grande Lisboa.

Provavelmente, está a “arrancar em força” com a sua actividade, queremos acreditar.

Pronto, arrisquemos a responder.

Um ou dois dias depois recebemos um email a confirmar a recepção da nossa candidatura. Infelizmente, a vaga à qual concorremos já foi preenchida – o que não é surpresa nenhuma – mas a empresa tem algo diferente para nos propor. Segue o texto:

“Boa tarde!

Obrigado por sua resposta à nossa oferta de trabalho.

Registamos seu interesse, mas só temos uma vaga e penso que encontramos alguém também com ótimas competências para o desempenho do cargo.

Contudo, estamos desenvolvendo um projeto empresarial novo onde seu perfil parece enquadrar-se.

É uma empresa de compras coletivas, (tipo Groupon, Lets Bonus) setor em enorme crescimento e onde teremos vantagens competitivas.

Precisamos de comerciais que visitarão os parceiros, para formalizarem os contratos para os serviços/produtos a promover pelo site de compras coletivas, digamos que não é vender mas é necessário ter dotes comerciais.

Precisamos de comerciais para todo o país, (cada comercial trabalhará preferencialmente na sua área de residência) propomos-lhe assim este desafio.

Pagaremos mais de 1.200 € mensais, comissões e prémios. Será fácil conseguir-se acima de 1.600 €. Haverá um contrato de prestação de serviços legal, vulgarmente chamado “recibos verdes”,(não poderá estar a receber subsídio de desemprego) com objetivos definidos e facilmente cumpríveis.

Espero que se interesse pela proposta que lhe fizemos.

Se for mesmo de seu interesse, por favor contacte-nos para:

planet.discount.recrutamento@gmail.com

por onde lhe esclarecerei todas as dúvidas e combinaremos uma entrevista.

Sem mais de momento e aguardando seu retorno para o endereço que indiquei.

Atentamente

Zé Ninguém”.

Depois de percebemos o que pretendem – ou melhor, quem pretendem – afinal, fazemos nova busca na internet. Quem sabe se o nome da clínica na Avenida de Roma não está a ser usado pela Planet Discount para recrutar “comerciais”?

Rapidamente chegamos à conclusão que não. O email referido no anúncio para recepcionista (que se reporta a um nome de um responsável, por isso não o refiro aqui) corresponde ao endereço electrónico da clínica tal como apresentado na sua página online.

Ou seja, a dita clínica já deve ter todas as esteticistas, recepcionistas, técnicos de informática e empregadas da limpeza que necessita. Qual a relação entre as duas? Não sei e não perdi tempo a tentar descobrir. Se o quiserem fazer, estejam à-vontade e depois digam qualquer coisa.

Ainda a este propósito, devo acrescentar que a dita clínica tem um conjunto de promoções disponíveis através da empresa DZ Count, outra que se dedica à divulgação deste tipo de campanhas. Refira-se, a título de curiosidade, que há alguns meses atrás, esta mesma DZ Count anunciou estar a recrutar colaboradores (um número considerável e peço desculpa por não o referir com exactidão, mas não tive oportunidade de procurar o respectivo anúncio, ao qual também  respondi).

O processo de recrutamento poderia ser acompanhado através da página da empresa no Facebook. Para tal, bastaria aos interessados fazer “Like” na página e aceder à mesma para saber das novidades.

Acontece que, das quase dez pessoas que sei que responderam ao anúncio, nenhuma foi contratada. No entanto, as caixas de email de todos são bombardeadas com as promoções da DZ Count. Estas mesmas pessoas seriam igualmente bombardeadas no Facebook, aposto, mas já nenhuma delas integra a página da empresa, que tem 14.010 “Likes”.

Aprendam, amigos.

Quando quiserem fazer uma mailing list para o vosso negócio, coloquem um anúncio a recrutar colaboradores. É um verdadeiro Euromilhões.

P.S. – Os textos dos anúncios aqui reproduzidos foram inseridos no post recorrendo ao famoso copy/paste, pelo que não me responsabilizo pelos erros ortográfico/gramaticais.

 Os restantes são meus.

Florbela Espanca – Heróis Populares Portugueses 17


Florbela Espanca

Heróis Populares Portugueses 17

Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1894Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930), batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo.

Filha de Antónia da Conceição Lobo e do republicano João Maria Espanca nasceu no dia 8 de Dezembro de 1894 em Vila Viçosa, no Alentejo. O seu pai herdou a profissão do sapateiro, mas passou a trabalhar como antiquário, negociante de cabedais, desenhista, pintor, fotógrafo e cinematografista. Foi um dos introdutores do “Vitascópio de Edison” em Portugal.

Seu pai era casado com Mariana do Carmo Toscano. A sua esposa não pôde dar-lhe filhos. Porém, João Maria resolveu tê-los – Florbela e Apeles, três anos mais novo – com outra mulher, Antónia da Conceição Lobo, de condição humilde. Ambos os irmãos foram registados como filhos ilegítimos de pai incógnito. Entretanto, João Maria Espanca criou-os na sua casa, e Mariana passou a ser madrinha de baptismo dos dois. João Maria nunca lhes recusou apoio nem carinho paternal, mas reconheceu Florbela como a sua filha em cartório só dezoito anos depois da morte dela.

Entre 1899 e 1908, Florbela frequentou a escola primária em Vila Viçosa. Foi naquele tempo que passou a assinar os seus textos Flor d’Alma da Conceição. As suas primeiras composições poéticas datam dos anos 19031904: o poema “A Vida e a Morte”, o soneto em redondilha maior em homenagem ao irmão Apeles, e um poema escrito por ocasião do aniversário do pai. Em 1907, Florbela escreveu o seu primeiro conto: “Mamã!” No ano seguinte, faleceu a sua mãe, Antónia, com apenas vinte e nove anos.

Flor ingressou então no Liceu Masculino André de Gouveia em Évora, onde permaneceu até 1912. Foi uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar o curso secundário. Durante os seus estudos no Liceu, Florbela requisitou diversos livros na Biblioteca Pública de Évora, aproveitando então para ler obras de Balzac, Dumas, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro, Garrett. Quando ocorreu a revolução de 5 de Outubro de 1910, Florbela está há dois dias com a família na capital, no Francfort Hotel Rossio, mas não se conhecem comentários seus à sua vivência deste dia.

Em 1913 casou-se em Évora com Alberto de Jesus Silva Moutinho, seu colega da escola. O casal morou primeiro em Redondo. Em 1915 instalou-se na casa dos Espanca em Évora, por causa das dificuldades financeiras.

Em 1916, de volta a Redondo, a poetisa reuniu uma selecção da sua produção poética desde 1915, inaugurando assim o projeto Trocando Olhares. A coletânea de oitenta e cinco poemas e três contos serviu-lhe mais tarde como ponto de partida para futuras publicações. Na época, as primeiras tentativas de promover as suas poesias falharam.

No mesmo ano, Florbela iniciou a colaborar como jornalista em Modas & Bordados (suplemento de O Século de Lisboa), em Notícias de Évora e em A Voz Pública, também evorense. A poetisa regressou de novo a esta cidade em 1917. Completou o 11º ano do Curso Complementar de Letras e matriculou-se na faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Foi uma das catorze mulheres entre trezentos e quarenta e sete alunos inscritos.

Um ano mais tarde a escritora sofreu as consequências de um aborto involuntário, que lhe teria infectado os ovários e os pulmões. Repousou em Quelfes (Olhão), onde apresentou os primeiros sinais sérios de neurose.

Em 1919 saiu a sua primeira obra, Livro de Mágoas, um livro de sonetos. A tiragem (duzentos exemplares) esgotou-se rapidamente. Um ano mais tarde, sendo ainda casada, a escritora passou a viver com António José Marques Guimarães, alferes de Artilharia da Guarda Republicana.

Em meados do 1920 interrompeu os estudos na faculdade de Direito. Em 29 de Junho de 1921 pôde finalmente casar-se com António Guimarães. O casal passou a residir no Porto, mas, no ano seguinte, transferiu-se para Lisboa, onde Guimarães se tornou chefe de gabinete do Ministro do Exército.

Em 1922, a 1 de Agosto, a recém fundada Seara Nova publicou o seu soneto “Prince charmant…”, dedicado a Raul Proença. Em Janeiro de 1923 veio a lume a sua segunda coletânea de sonetos, Livro de Sóror Saudade, edição paga pelo pai da poetisa. Para sobreviver, Florbela começou a dar aulas particulares de português.

Em 1925, divorciou-se pela segunda vez. Esta situação abalou-a muito. O seu ex-marido, António Guimarães, abriu mais tarde uma agência, “Recortes”, que coleccionava notas e artigos sobre vários autores. O seu espólio pessoal reúne o mais abundante material que foi publicado sobre Florbela, desde 1945 até 1981. Ao todo são 133 recortes.

Florbela Espanca, por Bottelho (2008).

Ainda em 1925, a poetisa casou com o médico Mário Pereira Lage, que conhecia desde 1921 e com quem vivia desde 1924. O casamento decorreu em Matosinhos, no Distrito do Porto, onde o casal passou a morar a partir de 1926.

Em 1927 a autora principiou a sua colaboração no jornal D. Nuno de Vila Viçosa, dirigido por José Emídio Amaro. Naquele tempo não encontrava editor para a coletânea Charneca em Flor. Preparava também um volume de contos, provavelmente O Dominó Preto, publicado postumamente apenas em 1982. Começou a traduzir romances para as editoras Civilização e Figueirinhas do Porto.

No mesmo ano, Apeles Espanca, o irmão da escritora, faleceu num trágico acidente de avião. A sua morte foi para a autora realmente dolorosa. Em homenagem ao irmão, Florbela escreveu o conjunto de contos de As Máscaras do Destino, volume publicado postumamente em 1931. Entretanto, a sua doença mental agravou-se bastante. Em 1928 ela teria tentado o suicídio pela primeira vez.

Em 1930 Florbela começou a escrever o seu Diário do Último Ano, publicado só em 1981. A 18 de Junho principiou a correspondência com Guido Battelli, professor italiano, visitante na Universidade de Coimbra, responsável pela publicação da Charneca em Flor em 1931. Na altura, a poetisa colaborou também no Portugal feminino de Lisboa, na revista Civilização e no Primeiro de Janeiro, ambos do Porto.

Florbela tentou o suicídio por duas vezes mais em Outubro e Novembro de 1930, na véspera da publicação da sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, a poetisa perdeu o resto da vontade de viver. Não resistiu à terceira tentativa do suicídio. Faleceu em Matosinhos, no dia do seu 36º aniversário, a 8 de Dezembro de 1930. A causa da morte foi a sobredose de barbitúricos.

A poetisa teria deixado uma carta confidencial com as suas últimas disposições, entre elas, o pedido de colocar no seu caixão os restos do avião pilotado por Apeles na hora do acidente. O corpo dela jaz, desde 17 de Maio de 1964, no cemitério de Vila Viçosa, a sua terra natal.

Fonte: Wikipédia

Bom garfo à frente do Governo


Bom garfo à frente do Governo

Continua a surpreender-me como é que Passos Coelho consegue manter a sua aparente elegância – não lhe sendo conhecida a apetência do seu predecessor para as corridas matinais em ambiente urbano, deve ser uma questão de genes.

Pode ter todos os defeitos deste mundo, do próximo e até do anterior, essa notável característica ninguém lha pode tirar, mas é um homem que gosta das coisas boas da vida. Em particular, de se sentar a uma qualquer mesa de refeição.

De facto, o primeiro-ministro não perde a oportunidade de se sentar à mesa para resolver os problemas do País, seja com os membros da troika ao pequeno-almoço, seja com o Nobel da Economia ao almoço, seja com Álvaro Santos Pereira ao jantar.

Há aqueles que encontram a solução para os problemas depois de se aconselharem com o travesseiro, aqueles que precisam de beber dois litros de cerveja para verem as coisas com maior clareza – ou a dobrar, depende da perspectiva – e depois há Passos de Coelho (à caçador ou frito?), que encontra as respostas às perguntas mais difíceis no meio de um bitoque com ovo a cavalo.

Mas com um Sumol de ananás ou um copito de água, porque ele champanhe não bebe. Talvez brinde com Coca-Cola, que também rebenta com a rola se for bem agitada.

Nota da editora: estou à espera que as duas marcas de refrigerante me paguem a publicidade que acabei de lhes fazer.

Cristo nas redes sociais? Certamente que sim.


Cristo nas redes sociais? Certamente que sim.

De passagem, li hoje num diário português uma entrevista a alguém sobre as redes sociais.

O trabalho tinha um título atraente que dizia qualquer coisa como isto: “Jesus estaria nas redes sociais”.

Concordo.

Acho que Cristo  (prefiro recorrer ao segundo nome da figura mais marcante do catolicismo, pois o primeiro soa-me sempre às vozes das crianças na catequese) teria um alegre perfil no Facebook, cheio de imagens convidativas ao sonho e de frases alusivas à enorme importância das pequenas coisas da vida. De vez quando, enviaria um convite para um evento online dedicado à introspeção. Por alturas do Natal, o perfil de Cristo estaria repleto de imagens de presépios de todo o mundo.

Se seria amiga facebookiana dele? Se ele me convidasse, talvez.

Mas de certeza que Cristo também não passaria ao lado do Twitter, até porque, se ele vivesse fisicamente nestes tempos que correm, estaria nos Estados Unidos, bandas por onde cidadão que se preze passa o tempo a twittar. Teria orações para todas as horas em apenas 140 caracteres que milhares de seguidores – voluntários e não daqueles que são conseguidos com uma aplicação própria para o efeito – seguiriam, passem o pleonasmo, religiosamente. Claro, só podia ser religiosamente.

Seria sua seguidora na rede do passarinho? Só se ele me seguisse a mim.

E um canal no Youtube, dedicado às canções do frei Hermano da Câmara e dos padres Luís Borga (tenho que admitir que o verso “põe a mão na mão do teu Senhor da Galileia” é uma extraordinária tirada de marketing musical) e Marcelo, intercalados por videoclips – telediscos, para os mais terra-a-terra – com bonitas imagens de paraísos na Terra e músicas que não passam de pobres tentativas de melopeias.

Talvez eu espreitasse de vez em quando para conhecer as novidades musicais mais abençoadas da Terra. E dos céus, naturalmente.

O que não faltaria a Cristo, com toda a certeza, era um blogue. Interventivo e implacável contra os vendilhões do Templo. E onde muitos dos posts seriam desabafos do género “vão pentear macacos e deixem de fazer coisas em Meu nome!”.

Seria sua seguidora, certamente.