Imbolc – O Crescimento da Luz
(Imbolg, Oimelc, Candlemas, Treguenda Lupercalia)
Esta celebração,com origem na antiga Irlanda, celebra o crescimento da luz e homenagea a Deusa Brigid (também conhecida como Brighid ou Brigith), na fase de Donzela e como Noiva do Sol.
Apesar de ser celebrado no pico do Inverno, o festival, cujo nome significa “apressar-se”é dedicado ao aumento do dia, ou seja, da luz e ao início do despertar das sementes enterradas na terra ainda fria.
Em Portugal, as celebrações da Antiguidade do 2 de Fevereiro foram adaptadas para a cultura católica, comemorando-se, entre outras, a festa da Nossa Senhora da Luz ou Nossa Senhora das Candeias. Segundo a tradição popular, o estado do tempo neste dia condiciona o resto do Inverno: “Nossa Senhora a rir, está o Inverno para vir. Nossa Senhora a chorar está o Inverno a passar.”, isto é, se no dia estiver Sol ainda teremos muito tempo invernoso pela frente, enquanto se chover o Inverno já terá passado.
A vila de Vale do Peso, situada a 7 km de Crato, é um dos locais onde esta celebração é mais marcante.
De acordo com alguns investigadores, a festa tem origem na apresentação do Menino Jesus no templo e na purificação de Nossa Senhora, quarenta dias após o nascimento de Cristo. Dizia a tradição que as parturientes, após darem à luz, ficavam impuras, devendo inibir-se de visitar ao templo até 40 dias após o parto. Nessa altura, deviam apresentar-se ao sacerdote e oferecer o seu sacrifício (um cordeiro e duas pombas ou duas rolas), pudendo assim purificar-se.
Nossa Senhora da Luz era tradicionalmente invocada pelos cegos e tornou-se particularmente venerada em Portugal a partir do início do século XV. Segundo a tradição, deve-se a um português, Pedro Martins, muito devoto de Nossa Senhora, a descoberta de uma imagem da Mãe de Deus por entre uma estranha luz, em Carnide.
A este dia estão também associados alguns pratos gastronómicos, como o cozido à portuguesa, o refogado de borrego ou o arroz doce. Vilar – S. Jorge, na região de Arcos de Valdevez, no Minho, é outra das localidades que festejam a Senhora da Luz (a 1 e 2 de Fevereiro) e também aqui se faz uma procissão das velas.
No início da expansão do cristianismo, as populações mantinham a tradição pagã de acender velas, pelo que os sacerdotes começaram a encaminhar as procissões para o interior das igrejas, criando assim as procissões de velas.
A celebração de Imbolc tem lugar cerca de seis semanas depois de Yule (o momento do solstício de Inverno) e simboliza a recuperação da Deusa após o nascimento da criança solar e sua transformação numa Donzela jovem e cheia de vigor.
Brigid, ou Bride, representa a inspiração (arte, criatividade, poesia e profecia), a cura (ervas, medicina, cura espiritual e fertilidade) e da metalurgia (ferreiros, ourives e artesãos). Sendo uma época dedicada à inspiração, à renovação da vida e à cura, vive-se uma atmosfera propícia a novos projetos, a um perspetivar espiritual e a um renascimento das energias.
Sendo uma Deusa do Fogo, era homenageada com fogueiras, rodas solares, coroas de velas e rituais com as quais se pretendia despertar o fogo criador original.
Na Antiguidade, o dia de véspera era dedicado a apagar todos os fogos e luzes que seriam ateados de novo, com as brasas das fogueiras dedicadas a Brigith.
De acordo com a mitologia celta, é representada por uma donzela tocando, com seu bastão mágico, a terra que fora congelada pelo cajado da anciã, marcando o momento em que a terra desperta para a vida e permite o aumento do número de horas da luz solar.
Algumas tradições mantêm-se até aos dias de hoje. Em certos pontos do Reino Unido e na Irlanda as pessoas atam fitas ou pedaços de roupas nas árvores próximas às fontes tidas como sagradas, e que atualmente são dedicadas às santas católicas, orando para obter a cura de seus males.
No Norte da Europa, este era o momento de, em conjunto com as agruras do Inverno, enterrar os aspetos negativos da vida, enquanto se purificava a terra, salpicando-a de sal e cinzas.