Há 30 anos
Chernobyl
O desastre de Chernobyl foi um acidente nuclear que ocorreu em 26 de abril de 1986 na central nuclear com o mesmo nome, situada na então União Soviética (hoje Ucrânia). Uma explosão e um incêndio lançaram grandes quantidades de partículas radioativas para a atmosfera, que se espalharam por boa parte da União Soviética e da Europa ocidental.
O desastre é o pior acidente nuclear da história em termos de custo e de mortes resultantes, além de ser um dos dois únicos classificados como um evento de nível 7 (classificação máxima) na Escala Internacional de Acidentes Nucleares (sendo o outro o acidente nuclear de Fukushima I, no Japão, em 2011). A batalha para conter a contaminação radioativa e evitar uma catástrofe maior envolveu mais de 500 mil trabalhadores e um custo estimado de 18 bilhões de rublos. Durante o acidente em si, 31 pessoas morreram e longos efeitos a longo prazo, como câncer e deformidades ainda estão sendo contabilizados.
É difícil dizer com precisão o número de mortes causadas pelos eventos de Chernobyl, devido às mortes esperadas por câncer, que ainda não ocorreram e são difíceis de atribuir especificamente ao acidente. Um relatório da Organização das Nações Unidas de 2005 atribuiu 56 mortes até aquela data – 47 trabalhadores acidentados e nove crianças com câncer de tireoide – e estimou que cerca de 4000 pessoas morrerão de doenças relacionadas com o acidente. O Greenpeace, entre outros, contesta as conclusões do estudo.
O governo soviético procurou esconder o ocorrido da comunidade mundial, até que a radiação em altos níveis foi detectada em outros países.
Há duas teorias oficiais, mas contraditórias, sobre a causa do acidente.
A primeira foi publicada em agosto de 1986, e atribuiu a culpa, exclusivamente, aos operadores da usina.
A segunda teoria foi publicada em 1991 e atribuiu o acidente a defeitos no projeto do reator RBMK, especificamente nas hastes de controle. Ambas teorias foram fortemente apoiadas por diferentes grupos, inclusive os projetistas dos reatores, pessoal da usina de Chernobil, e o governo. Alguns especialistas independentes agora acreditam que nenhuma teoria estava completamente certa. Na realidade o que aconteceu foi uma conjunção das duas, sendo que a possibilidade de defeito no reator foi exponencialmente agravado pelo erro humano.
Porém o fator mais importante foi que Anatoly Dyatlov, engenheiro chefe responsável pela realização de testes nos reatores 3 e 4, mesmo sabendo que o reator era perigoso em algumas condições e contra os parâmetros de segurança dispostos no manual de operação, levou a efeito intencionalmente a realização de um teste de redução de potência que resultou no desastre. A gerência da instalação era composta em grande parte de pessoal não qualificado em RBMK: o diretor, V.P. Bryukhanov, tinha experiência e treinamento em usina termoelétrica a carvão. Seu engenheiro chefe, Nikolai Fomin, também veio de uma usina convencional.
O acidente no reator 4 da Central Elétrica Nuclear de Chernobil aconteceu à noite, entre 25 e 26 de abril de 1986, durante um teste.
A equipe operacional planejou testar se as turbinas poderiam produzir energia suficiente para manter as bombas do líquido de refrigeração funcionando no caso de uma perda de potência até que o gerador de emergência fosse ativado. Para prevenir o bom andamento do teste, foram desligados os sistemas de segurança e o reator teve que ter sua capacidade operacional reduzida para 25%, mas o procedimento não saiu de acordo com o planejado.
Por razões desconhecidas, o nível de potência do reator caiu para menos de 1% e por isso a potência teve que ser aumentada, mas, 30 segundos depois do começo do teste, houve um aumento de potência repentina e inesperada e o sistema de segurança do reator, que deveria ter parado a reação em cadeia, falhou. Em segundos, o nível de potência e temperatura subiram demasiadamente. O reator ficou descontrolado e houve uma explosão violenta, a cobertura de proteção de 1000toneladas não resistiu. A temperatura de mais de 2000°C derreteu as hastes de controle. O grafite que cobria o reator incendiou-se e material radiativo começou a ser lançado na atmosfera.
A maior parte da radiação foi emitida nos primeiros dez dias. Inicialmente houve predominância de ventos norte e noroeste. No final de abril o vento mudou para sul e sudeste. As chuvas locais frequentes fizeram com que a radiação fosse distribuída local e regionalmente.
A 27 de abril de 1986 os habitantes da cidade de Pripyat foram evacuados.
Cronologia
28 de abril de 1986, 23 horas – um laboratório de pesquisas nucleares da Dinamarca anunciou a ocorrência do acidente nuclear em Chernobil.
29 de abril de 1986 – o acidente nuclear de Chernobil foi divulgado como notícia pela primeira vez, na Alemanha.
Até 5 de maio 1986 – durante os 10 dias após o acidente, 130 mil pessoas foram evacuadas.
6 de maio de 1986 – cessou a emissão radioativa.
De 15 de maio a 16 de maio de 1986 – novos focos de incêndio e emissão radioativa.
23 de maio de 1986 – o governo soviético ordenou a distribuição de solução de iodo à população.
Novembro de 1986 – o “sarcófago” que abriga o reator foi concluído. Ele destina-se a absorver a radiação e conter o combustível remanescente. Considerado uma medida provisória e construído para durar de 20 a 30 anos, seu maior problema é a falta de estabilidade, pois, como foi construído às pressas, há risco de ferrugem nas vigas.
1989 – o governo russo embargou a construção dos reatores 5 e 6 da usina.
12 de dezembro de 2000 – depois de várias negociações internacionais, a usina de Chernobil foi desativada.
In https://pt.wikipedia.org/wiki/Acidente_nuclear_de_Chernobil