Festa dos Rapazes


A época entre a celebração do Solstício de Inverno e o Dia de Reis é pródiga em tradições enraizadas na região Norte de Portugal, em particular, no Nordeste de Trás-os-Montes.

Entre as principais figuras que alegram estas festas de cunho popular e origens arcaicas contam-se os caretos que, de acordo com o dicionário online Priberam é uma “personagem carnavalesca, diabólica ou misteriosa, com máscara de couro, latão ou madeira, traje muito colorido, geralmente franjado e com bandoleira de chocalhos, comum em algumas zonas do Norte de Portugal” (definição in http://www.priberam.pt/dlpo/)

Festa dos Rapazes em Aveleda

O dia principal da Festa dos Rapazes tem lugar no Natal, embora se prolongue pelo dia de Santo Estêvão, a 26 de Dezembro. Os rapazes de Aveleda reúnem-se para participarem na Missa de Natal, acto litúrgico após o qual tem lugar o ritual mais significativo desta festa, as críticas sociais, designadas de “comédias”. Pela tarde, os “caretos” percorrem a aldeia, acompanhados pela música tradicional do gaiteiro.

Festa dos Rapazes de Varge

A festa dos rapazes de Varge decorre principalmente no dia de Natal e no dia de Santo Estêvão (26 de Dezembro). No entanto, os preparativos começam no dia de Todos os Santos, com a recolha da lenha das Almas. No dia de Natal, o ritual da alvorada é, como convém, muito cedo. Antes da missa, por volta das 10h, formam os rapazes com os mordomos e o gaiteiro à frente, a fim de se dirigirem para a igreja. No fim da missa decorre o ritual mais simbólico da festa, protagonizado pelos “caretos” com a cara encoberta: a crítica social ou as “loas”. De seguida dá-se início à ronda de Boas Festas, uma visita protocolar a todas as casas da aldeia, com os mordomos e os gaiteiros à frente. Ao cair da noite é a corrida à rosca. O dia 26 é dedicado a Santo Estêvão, o patrono dos rapazes com a missa em sua honra.

Festa dos Reis de Baçal

Decorre no fim-de-semana mais próximo de 5 e 6 de Janeiro. No Sábado reúnem-se os rapazes para realizarem as primeiras rondas, nomeadamente a “ronda das chouriças”, e refeições conjuntas. No Domingo, o dia principal da festa, começa com a alvorada ao som da gaita-de-foles. À tarde acontece a crítica social ou “colóquios”, o ritual mais simbólico da festa. Estes são declamados, do cimo de uma fonte de pedra, perante todo o povo, por rapazes de cara descoberta.

Festa do Menino Jesus de Vila Chã da Braciosa

Esta festa é celebrada no primeiro dia do ano (festa cristã de apresentação de Jesus no Templo) e é também designada de festa do Ano Novo e de Festa da Velha. A ronda do Peditório e de saudações aos moradores decorre durante toda a manhã com música de gaita-de-foles e danças protagonizadas pela velha, pelo bailador e pela bailadeira. A Velha transporta nas costas quadras de peditório. A missa solene acontece por volta do meio-dia e conta com a participação dos actores e do gaiteiro.

Festa das Morcelas ou da Mocidade de Constantim

No dia da festa (Domingo mais próximo ao dia 27 de Dezembro), decorre durante toda a manhã o ritual do convite, ou seja, o peditório e visita protocolar a todos os moradores da terra. Segue-se a missa solene e a procissão em honra de São João Evangelista. No convite intervêm os gaiteiros, os pauliteiros e o par de mascarados, o “carocho” e a “bellha”, que representam cenas de apelo à fertilidade. Um dia depois, à noite, acontece a grande refeição comunitária, um convívio para todo o povo participar e viver intensamente como único que é em todo o ano.

Festa do Chocalheiro ou do Velho

Os rituais acontecem em dois dias festivos: o Natal e o Ano Novo. No Natal acende-se uma grande fogueira em honra do Menino e procede-se, na parte da manhã até à hora da missa, ao peditório. Este repete-se no dia de Ano Novo seguindo-se o leilão dos géneros recolhidos.

Festa do Santo Estêvão de Grijó de Parada

A festa inicia-se no dia 26 de Dezembro com a liturgia católica da missa solene ao longo da qual o sacerdote nomeia os mordomos principais, o “rei” e o “bispo”, que darão início ao seu reinado no segundo dia da festa. Este está reservado ao ritual do convite, um cortejo pelas casas e à volta do povo, dirigido pelos mordomos novos. A corrida à rosca e a “galhofa” são as provas de resistência física para rapazes que acontecem à tarde e à noite e que encerram as celebrações.

Festa do Santo Estêvão de Rebordãos

Decorre no Sábado mais próximo, depois do Natal. Após a missa solene, por volta das 11 horas, tem lugar o acto mais simbólico da festa, a grande refeição comunitária, designada de “Mesa de Santo Estêvão”. Esta mesa é presidida pelo próprio Santo Estêvão, uma imagem portátil e de tamanho maneirinho. Na cabeceira sentam-se os principais da festa: os mordomos velhos e os novos e o pároco que, no seguimento do preceituado pela tradição, benze a mesa e o pão antes de ser distribuído e faz uma prece pelos bons augúrios ao santo e à Mãe-Natureza.

Festa de Santo Estêvão em Ousilhão

A festa começa no dia de Natal, à tarde, com a ronda de Boas Festas, uma visita cerimonial a todos os vizinhos da terra. A 26 de Dezembro, dia de Santo Estêvão, de manhã, procede-se à ronda das Alvoradas, segue-se a missa solene em honra do santo, com a presença de todos os intervenientes excepto os “máscaros”. No decorrer da liturgia, o celebrante procede à bênção do pão. À tarde acontece o ritual da mesa de Santo Estêvão, durante o qual se faz a transmissão dos poderes, dos mordomos cessantes para os que vão iniciar funções. No final organiza-se um cortejo com os actores principais, transportados no carro de bois, e todo o povo até às casas dos novos líderes, onde se come, bebe e dança… A festa termina à noite com a “galhofa”, o baile tradicional exclusivo destes dois dias festivos.

Festa dos Reis de Salsas

A festa desenrola-se no período compreendido entre o Ano Novo e o dia de Reis. Todas as noites os “caretos” saem à rua e entram nas casas à procura das moças, a quem pretendem “castigar”, e de fumeiro para a festa. Na Noite de Reis tem lugar o peditório, “caretos”, mordomos e o maior grupo de jovens e crianças vão de porta em porta, cantando os reis e recolhendo esmolas. No fim do peditório reúne-se o povo no grande salão da freguesia para a grande festa de convívio

Festa de Santo Estêvão

Inicia-se na tarde do dia de Natal e termina ao fim do dia seguinte, o dia do santo. Na tarde de 25 acende-se a fogueira, chegam os gaiteiros que iniciam a festa e procede-se ao ritual de crítica social ou seja, “botar os jogos à praça” projectando o som através de funis. Aproveitando este momento, um outro grupo de rapazes organiza a acção do roubo dos burros. No dia 26, os dos burros organizam uma cavalgada, com cenas burlescas pelo meio. Animam as ruas da vila os “caretos” com as suas cabriolas, corridas e danças seguidos pelas “madamas”, outros mascarados. Pelo meio-dia, a encenação interrompe-se para a celebração da liturgia da missa. À tarde desenrola-se o acto da luta entre os cristãos e os mouros, o ritual mais simbólico de toda a festa.

Chocalheiro de Bemposta

O Chocalheiro sai à rua, em Bemposta, para o desempenho dos seus ritos mágicos no dia de Santo Estêvão (26 de Dezembro) e no Ano Novo. Na véspera do Santo Estêvão, o dia de Natal, à noite, o mordomo procede ao acto do leilão do cargo de chocalheiro. É chamada a noite das “mandas” que decorre até à meia noite, o último a mandar ficará com a responsabilidade de desempenhar as funções de chocalheiro, no dia seguinte. No dia 26, de manhã, sai o chocalheiro, o mordomo e comitiva para o ritual do peditório, designado localmente de “apanha” da esmola. Terminado o peditório, ao fim da manhã, o chocalheiro termina as suas funções e todos se dirigem a casa do mordomo para uma refeição colectiva. Na festa do menino, no Ano Novo, repetem-se os mesmos rituais, com outros mordomos e outro chocalheiro.

Festa dos Reis de Rio de Onor

A Festa dos Reis ou Festa dos Rapazes celebra-se no fim-de-semana anterior a 6 de Janeiro. No primeiro dia, Sábado de manhã, os mordomos acompanhados pelos “caretos” fazem o peditório por todas as casas da aldeia. No percurso vão executando danças e brincadeiras e fazendo grande alarido. A “filandorra” acompanha os “caretos” e os mordomos no peditório, executando danças e simulando o trabalho de fiadeira. Ao fim do dia, os rapazes reúnem-se para o seu repasto comunitário.

Festa do Santo Menino de Tó

Esta festa também designada de Festa dos Rapazes tem início na noite de celebração do Nascimento do Menino com o acender da fogueira no fim da missa do galo. Esta fogueira mantém-se acesa até ao Ano Novo. No dia 1 de Janeiro de manhã os intervenientes (o “farandulo”, o moço, a “sécia” e o mordomo) começam o peditório que é, ao mesmo tempo, uma visita de saudação aos moradores da terra. No decorrer deste ritual encena-se a luta dos opostos, entre o “farandulo” e o moço. No fim deste ritual decorre a liturgia da missa seguindo-se o leilão das esmolas recebidas. Ao fim da tarde é a vez da corrida à rosca, a transmissão do poder e a animação com o baile que prossegue até altas horas.

Festa dos Velhos de Bruçó

A celebração do Nascimento de Cristo, para além dos ritos católicos, contempla em simultâneo ritos de origem pagã, a chamada festa dos Velhos. Depois da missa solene, reúnem-se os quatro actores principais na casa da mordoma-mor. O povo aguarda a sua saída, facto que marca o início da celebração. Quando os velhos aparecem, a multidão que aguardava na rua rejubila e entra também em acção. Os quatro mascarados vão de casa em casa recolher esmolas seguidos pelos populares numa espécie de jogo do rato e do gato. A meio da tarde termina a ronda do peditório, dando-se por encerrado o ritual. Segue-se o leilão cujo estipêndio reverte em benefício do altar de Nossa Senhora.

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